2007-03-22

A Tumba

Joseph Smith Reencontraram o sepulcro de Jesus, em Talpiot, lacrado há vinte e cinco anos (ou foram vinte e sete?) pelas autoridades israelitas com o apoio da Igreja Católica.

Acredita-se que o Jesus enterrado na tumba seja Jesus Cristo devido a algumas coincidências: Jesus, filho de José e Maria de Nazaré, irmão de Tiago, casado com Mara Myriamne (estava em grego, mas a palavra mara em aramaico significa «mestra», e Myriamne é uma das muitas formas aramaicas de Maria) e pai de Judá. Os ossos de todas estas pessoas – e mais algumas, entre elas Mateus – estavam enterrados juntos (o ossuário de Tiago havia sido removido), num tipo de mausoléu de família, e ainda havia um ossuário de um amigo da família, um tal Simão Pedro (também havia sido removido para um monastério próximo). O túmulo é datado do século I da era cristã.

Estatisticamente, a probabilidade de todos estes nomes juntos não se referirem às pessoas bíblicas é de 1:600.000 (James Cameron foi bonzinho com a Igreja ao dizer 1:600), o que em Arqueologia é praticamente uma certeza.

Agora, temos um problema: a fé milenar cristã, em vez de apoiar (e apoiar-se em) os ensinamentos do Mestre («amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo», e outras coisas similares), se sustentou no fato da ressurreição e da ascensão de corpo e alma de Jesus ao Céu (que aliás, por favor, alguém me mande a indicação de versículos da Bíblia onde está a ascensão, porque não estou encontrando), tornando-se assim uma fé frágil e superficial.

A simples possibilidade daqueles ossos serem mesmo de Jesus já é suficiente para que os católicos mais incrédulos se tornem agnósticos de vez e os mais crédulos e ignorantes se tornem pentecostais.

Mas os fiéis de bom senso (de quaisquer facções cristãs) questionarão…

O que quero expor aqui é o seguinte: a verdade sobre a coisa não aparecerá enquanto cientistas e religiosos se basearem naquilo que creem ser possível ou não.

O grande problema dos cientistas – os religiosos sofrem do mesmíssimo mal – é que em vez de avaliarem seus conceitos de «possível» e «impossível» segundo fatos e descobertas, eles valiam fatos e descobertas segundo seus conceitos de possível e impossível.

É a típica inversão de causalidade, detectada geralmente em crianças por volta dos cinco anos de idade, segundo Piaget – e também em cientistas e líderes religiosos: será que tem a haver com desenvolvimento emocional?

Não quero afirmar que aquele túmulo seja o túmulo de Jesus Cristo, nem que não seja, nem quero negar ou afirmar a ressurreição.

Segundo o que eu acredito (portanto é uma suposição minha), a ressurreição realmente ocorreu, mas não acredito na ascensão, nem que Jesus tenha sido solteiro.

E logicamente, se Jesus ficou na Terra e escolheu viver e morrer como os homens (duvido que morrer na cruz e ressucitar seja morrer como os homens), ele deve ter deixado ossos em algum lugar.

Deveríamos parar de defender crenças que não levam a nada (a ascensão de alguém não me faz melhor nem pior, é neutro e qualquer um pode manipular esse tipo de fé como quiser) e passar a dar valor ao que realmente importa – como já dizia o poeta, just give peace a chance.

[]'s

PS: Se sua fé é frágil, não tema: as autoridades israelitas mandaram lacrar a tumba de novo.