2007-08-29

Por que Materialismo não é Cepticismo

Baal Afirmar que o homem seja um ser físico ou biológico é alienar-se da óbvia realidade: o homem é um ser psico-sensorial.

Vivemos num mundo psicológico ou psíquico; toda relação que temos com o meio exterior é através de interpretação de impulsos nervosos, físicos ou não, que estão sob o julgo da mente.

Acreditamos existir um mundo material baseados na interpretação psicológica das impressões sensoriais. Intuímos que há uma relação entre nosso mundo psicológico e o suposto meio material. Digo suposto pois apenas acreditamos nele; passarei então a chamá-lo meio sensorial.

Sabemos ao certo que há um canal entre os mundos psíquícos das diferentes pessoas.

As relações existem. Até sabemos… e por pura intuição.

Agora, que relações são essas?

Talvez o meio sensorial interfira na realidade psicológica, talvez a realidade psicológica interfira no meio sensorial. Talvez ambos.

Algumas pessoas acreditam que a realidade psíquica interfira no meio sensorial, outras acreditam que o meio sensorial interfira na realidade psíquica. Uns poucos acreditam em ambos.

É claro que cada um carrega consigo evidências que comprovam sua versão, mas estas evidências só fazem sentido quando avaliadas segundo o conjunto de verdades que defendem sua própria teoria. Assim sendo, qualquer dita evidência defendendo uma teoria ou outra é de fato auto-desinformação. Bitola psicológica.

Em suma, o materialista é aquele que acredita que a realidade psíquica seja um reflexo do meio sensorial. Veja bem: «acredita».

O Cepticismo caracteriza-se pela dúvida, não pela crença. Céptico é aquele que duvida, não aquele que acredita. Σκεπτομαι, se não me engano.

Qualquer postura dedicada exclui por definição o Cepticismo.

Considerando que o Materialismo é uma postura dedicada – defende sistematicamente um ponto de vista, ignorando qualquer coisa que o negue –, não pode ser cepticismo.

Negação sistemática e/ou defesa dedicada, usando para tanto descrédito, evidências vinculadas, ridicularização, desqualificação alheia ou padrões de rigor não-razoáveis caracterizam pseudo-cepticismo ou cepticismo patológico.

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Cacilhas