2008-12-31

Israel rejeita trégua em Gaza

Baal Saiu em O Globo:

Israel rejeita proposta de trégua em Gaza



Israel não aceitou a proposta francesa de um cessar-fogo de 48 horas na Faixa de Gaza (…). A decisão foi tomada por membros do gabinete, que inclui o premier Ehud Olmert, o ministro da Defesa, Ehud Barak, e a chanceler Tzipi Livini.

***

Esta proposta não contém nenhum tipo de garantia de que o Hamas irá interromper o lançamento de foguetes e contrabando. Não é realista esperar de Israel um cessar-fogo unilateral sem nenhum mecanismo para forçar o fim dos disparos e de ações terroristas por parte do Hamas - disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Yigal Palmor.


Parabéns Israel! É muito inteligente dizer que não vai parar de bater se o papai não brigar com ele.

Violência só leva a mais violência e essa postura de Israel deixa bem claro quem é o terrorista.

[]'s
Cacilhas, La Batalema


PS¹: Imperdível ler o Biscoito Fino e a Massa sobre o assunto, também aqui.

PS²: Muito cuidado com as mentiras de Goebbles!

2008-12-28

O Segredo

The Secret
Estive muito curioso pois se fala muito sobre o segredo, que parece ser uma grande revelação.

Resolvi então alugar o documentário para assistir e descobri que, se era para ser um «segredo», alguém deu com a língua nos dentes…

Esperando descobrir algo novo, um «segredo», descobri que não havia nada de novo para mim: já ouvi o tal «segredo» de maçons, na Rosa Cruz e até na Seicho-No-Ie. Na verdade, a primeira vez em que ouvi o «segredo» foi de minha avó quando eu era ainda criança.

Cresci ouvindo isso.

Não posso dizer que não funcione, pois sempre fui displicente e das poucas vezes que usei, funcionou.

Só que há umas falhas graves na visão da autora:

Primeiro ela passa a falsa sensação de controle. Tipo, se quero um determinado carro, mentalizo-o e fatalmente ganharei o carro que queria. Não é assim que funciona. Isso causa frustração e a sensação de que é tudo uma mentira.

Ou seja, todo mundo – maçons, rosacruzes, pessoal da Seicho-No-Ie, minha avó – sabe o segredo, menos a maluca que escreveu o livro.

A lógica é que, controlando nossos próprios sentimentos, mantendo as emoções e os pensamentos num grau elevado, isso cria uma psicosfera magnética que atrai eventos que tendem a reforçar esse estado de espírito, mas não controlamos o que acontecerá, nem como, nem quando.

O mesmo vale para o contrário: se nossos sentimentos, emoções, pensamentos operam numa frequência baixa, isso cria uma psicosfera que atrai eventos que tendem a reforçar esse estado de espírito. Também não há uma relação direta ou controle sobre o que, como ou quando. Isso é chamado autossabotagem.

Outro erro ainda pior da autora é confundir desejo e vontade. Leia Nietzsche e as Quatro Nobres Verdades.

Há uma diferença entre desejo e vontade: desejo só leva a mais desejo, vontade leva a realização. Desejo é egóico, é algo pra si; vontade busca um bem maior, mesmo que não seja para si.

Mas não sei se um estadunidense – ou uma australiana – tem capacidade para entender isso. Se tudo o que você vê pela frente é dinheiro, dinheiro é tudo o que você terá. Jamais felicidade.

Falando em felicidade, há outro erro que fica sensível no documentário: confundir felicidade e alegria.

Alegria é um estado momentâneo, a pessoa simplesmente está alegre. Felicidade é um estado maior de espírito, é parte do ser: a pessoa é feliz.

Você pode ser feliz e estar chateado, ou não ser feliz e estar alegre, eufórico.

Para terminar, gostei muito mesmo de um comentário de James Arthur Ray definindo enegia e Deus:

Energia: não pode ser criada ou destruída, sempre foi, sempre tem sido, é tudo que sempre existiu e sempre vai existir; está se movendo pela forma, para forma e saindo da forma.

Deus: não pode ser criado ou destruído, sempre foi, sempre tem sido, é tudo que sempre existiu e sempre vai existir; está se movendo pela forma, para forma e saindo da forma.


[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-25

Mais FUD

Tux Minha esposa estava comentando com meu irmão que não tem medo de acessar o yorgut porque usamos GNU/Linux e não existe vírus para GNU/Linux.

Meu cunhado e meu irmão cortaram minha esposa ao dizer que existe vírus pra Linux sim e que ela apenas não pegou um ainda. Pior! Eles acreditam que vírus em formato .exe (executável para DOS/Windows, que não executa em outros SOs) – falando dos vírus .exe do yorgut – vai contaminar o cerne…

Isso é desinformação. Não existe vírus para GNU/Linux.

É claro, há outros tipos de malware para GNU/Linux, mas não vírus.

Deixa eu explicar um pouquinho sobre por que não existe vírus para GNU/Linux.

Vírus é uma tarefa (task) que se replica em outras tarefas em execução e se armazena em executáveis e outros arquivos do sistema.

Para que o vírus possa se replicar em outras tarefas, é preciso que o sistema operacional permita que uma tarefa inicie threads em outras tarefas.

No Windows isso é possível pois a gerência de threads é global, então uma tarefa pode solicitar ao SO para iniciar uma nova thread em outra tarefa. A Microsoft chama isso de recurso, eu chamo de bug.

No Linux – e na grande maioria dos demais sistemas operacionais – cada tarefa gerencia suas próprias threads e o sistema não permite que uma tarefa acesse a área de memória de outra tarefa. Assim não é possível uma tarefa interferir em threads de outra tarefa.

Dessa forma é impossível que um vírus invada outras tarefas.

Quando ao armazenamento em executáveis e outros arquivos, basta usar um usuário que não possua privilégios de alteração dos arquivos de sistema. Quando uma tarefa (o vírus) tentar fazer isso, não ocorrerá alteração.

Agora, vamos ao real perigo…

Os malware's mais comuns para GNU/Linux são: worms, rootkits e exploits.

Evitando o uso do superusuário (root) você evita worms e rootkits e deixando desativados daemons desnecessários você evita os exploits. Simples assim.

Já falei sobre esse assunto em outro artigo, mas é sempre bom relembrar, porque Goebbels não descansa.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-18

Motim grego

Recebi esta mensagem de meu amigo Krisnatágoras:

Como é de conhecimento geral, está rolando na Grécia uma muvuca dos infernos, motivada pela morte de um estudante de 15 anos por um policial, que aguarda julgamento preso.

Com toda a confusão que acontece por lá, várias manifestações, muitas de violência, uma delas me chamou a atenção.

Em meio a toda bagunça, um garoto, numa das mãos seu violão, na outra, uma flor, oferece-a ao policial… que em meio a todas emoções que estão à flor da pela, representa tudo o que ele deveria odiar, sendo o policial, nesse instante, a encarnação do inimigo.

Essa sim, para mim, é uma manifestação de atitude de verdade…

Para enfrentar a polícia é preciso coragem…
Para jogar cocktais molotov é preciso coragem…
Para sair na porrada com homens armados, é preciso coragem…
Para enfrentar spray de pimenta, é preciso coragem…

Mas para quebrar uma corrente de furia, ir contra o que está estabelecido é preciso mais que coragem… é preciso mergulhar no fundo de nós, onde essa coragem está escondida e ir além, procurando por algo que num processo alquimico, faz engulirmos as diferenças e agir como é preciso agir…

Nesses dias de incerteza, uma imagem como essa é capaz de provocar algum alento.

Estudante entrega flor ao policial
Referências:


[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-17

Você acredita na matéria?

Baal Algumas pessoas estranham quando eu digo que não acredito na matéria – principalmente aqueles que acreditam fanaticamente, os materialistas.

Mas a lógica toda realmente é um pouco complexa.

A observação é um tipo de interação entre observador e observado, no entanto, sendo o agente passivo, o observado não gera muita interferência sobre a observação – e isso não é um sofisma semântico.

O observador, enquanto agente ativo, é quem controla o ato da observação: ele é quem decide quais eventos ou detalhes são relevantes e quais devem ser descartados. Assim o observador pode não ter controle sobre o observado, mas controla a observação.

Portanto, ao contrário do que os cientistas dizem, a observação é uma ação subjetiva, não objetiva.

É assim que cientistas diferentes em épocas diferentes têm conclusões diferentes sobre a mesma coisa.

Isso por si só já cria um ar de dúvida sobre todo o conhecimento humano, o que não é ruim, pois leva ao questionamento. Porém há mais coisas a serem consideradas.

O mundo em que vivemos é inquestionavelmente uma representação mental do ambiente externo feito a partir de sensações transmitidas ao cérebro por impulsos nervosos.

E se o mundo não for exatamente como nossos sentidos nos dizem que ele é? Veja bem: isso não é simples especulação.

Especulação seria perguntar «e se não fosse», mas é razoável perguntar «e não for».

[update 2008-12-18]Na verdade é especulação sim, só não é especulação pura, é especulação razoável, a base da evolução e do progresso.[/update]

Ah! Mas eu não tenho prova nenhuma de que não seja… no entanto ninguém tem prova alguma de que realmente seja. Ceticismo é isso: o benefício da dúvida, não escolher em que acreditar.

Agora vou extrapolar um pouco, mas mantendo a razão:

  • E se os sinais recebidos pelo cérebro não estiverem vindo dos neurónios, mas de outro lugar?
  • E se mesmo o cérebro não existir e for uma criação da mente, que não precisa de um veículo físico?
  • E se o próprio conceito de físico não existir de verdade e for apenas uma criação humana?


Matrix? Talvez, mas nenhum absurdo.

A própria Matemática, tida como ciência exata, imutável e universal, não passa da forma como nós humanos enxergamos o Universo. Achar que a Matemática seja universal é pura vaidade do intelecto humano, quanto mais a matéria.

Vou resumir: se tudo o que conhecemos e experimentamos são reflexos mentais, por que acreditar fanaticamente que a matéria e mesmo nosso corpo existem dissociado de nossas representações mentais?

E mais importante: se tudo o que conhecemos e experimentamos é a mente, por que acreditar que essa mente (que conhecemos diretamente) seja um reflexo da matéria (que não conhecemos diretamente) e não o contrário?

Fica aqui então este exercício mental.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-16

Descolagem: comentários sobre a palestra do Luli Radfahrer

lâmpada Mais uma vez o Luli Radfahrer é contundente e relevante!

Convido todos a lerem na íntegra seu texto Descolagem: comentários sobre minha palestra.

Alguns trechos que eu gostaria muito de destacar:

Professores que se oponham à tecnologia entram em uma relação perde-perde:

Se convencerem seus alunos a estudarem sem computadores, criarão uma turma de analfabetos digitais.

Pior será se o aluno perceber o valor do digital e desvalorizar a educação.

Pra que aprender, se quem deveria ensinar não sabe?

***

O problema das aulas que «adestram» seus alunos é (…) semelhante ao das revistas de celebridades, livros de auto-ajuda e programas de auditório em TV (…). Ao propor soluções fáceis (…) esses produtos ignoram a riqueza da experiência de cada indivíduo e assim o corrompem (…).

***

A propósito, o termo «recreação» (…) tem sua origem em «criar novamente», em usar o tempo livre em atividades construtivas que promovam a evolução pessoal e, nesse processo, reciclem as idéias. RPGs e Videogames, sob certos aspectos, são extremamente recreativos. Já reality shows, programas de auditório, sitcoms e até o futebol de domingo podem ter o efeito oposto.

***

Todas as discussões sobre inclusão tratam de tecnologias e padrões. Não se fala em conteúdo.

***

É a eterna questão do critério. Acredito sinceramente que um professor bem preparado conseguirá tirar de uma máquina velha e lerda muito mais do que o contrário. Mais banda sem treino só estimula a perpetuação de certos vícios.

***

Os caras do Mythbusters são professores, Carl Sagan também.

O professor não deve nem precisa competir com seus alunos, não sei de onde surgiu um pensamento tão torto. Em outras profissões nunca foi assim. O técnico de futebol não precisa jogar melhor do que ninguém, o maestro não precisa tocar instrumento algum, o treinador de academia para a terceira idade não precisa ter mais do que 25 anos.

***

É bom deixar claro que o problema não está só no professor, mas em um sistema viciado, baseado no controle e distribuição da informação.

***

É a mesma idéia de um bom livro, filme ou música. (…) Gil, Caetano e Chico estimulam o pensamento com seus versos. Não se pode dizer o mesmo de «poeira, poeira, levantou poeira». (…) Mas quem define o que é um bom livro em tempos de Paulo Coelho? Critério, oras.


Não deixem de ler na íntegra, pois só com estes trechos não dá pra entender direito. =)

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-15

Sapatada nele!!!



E minha felicidade é quase completa!

[update 2008-12-16]Fiquei sabendo aqui o nome de nosso heroi: Mutazem al Kaidi. Valeu a dica, Sérgio! Só acho que o «sapato com um pé dentro» deveria atingir uma área mais sensível do que a sugerida pelo Saramago.[/update]

[]'s
Cacilhas, La Batalema

Bagagem tecnológica

Poliedro Falando ainda em tecnologia, os cursos de desenvolvimento de algumas faculdades não têm sido imparciais.

Cada faculdade – principalmente particulares – defende seus pontos e deseja que os alunos se formem defendendo os mesmos princípios, então o conhecimento é fornecido parcialmente.

Por exemplo, a maioria das faculdades ensina a seguinte evolução das linguagens: Pascal → C → C++ → Java, e algumas ainda acrescentam Java → C# quando defendem o ponto de vista Microsoft, como se não houvesse outras linguagens ou como se elas não tivessem importância – e como se as linguagens anteriores tivessem de ser linearmente substituídas pelas posteriores. Algumas até citam que existe Haskell ou outra, mas não ensinam como usar de modo prático, levando o aluno a acreditar que essas outras linguagens não possuem aplicação prática ou profissional.

Não… C não inventou a programação estruturada e não, C++ não inventou a orientação a objetos. Sei que alguém pode dizer «mas meu professor disse que houve outras linguagens orientadas a objetos», então pergunto: quantos alunos lembram de alguma?

A orientação a objetos surgiu na década de 1960, separada da programação estruturada, não uma evolução. A primeira linguagem a apresentar o conceito de orientação a objetos foi Simula, em 1962, e os conceitos se consolidaram em Smalltalk, na segunda metade da década de 1960, não em C++ (1983) ou em Java (1993).

É claro… é bom lembrar que a orientação a objetos só se mostrou prática com seu casamento com a programação estruturada.

Outra coisa importante de lembrar é que não foi a Microsoft quem inventou o desktop – no sentido de interface com o usuário, com o uso de sistema de janelas. Tampouco a Apple!

O desktop foi inventada no Xerox PARC, na década de 1970. Primeiro o sistema Xerox Palo, de 1972, que evoluiu para o Smalltalk-80, que – aí sim – foi adquirido pela Apple, dando origem à interface usada pelos primeiros sistemas MacOS – e Windows.

Ah! Mas isso não é prático! Os cursos superiores técnicos formam profissionais para o mercado, não para o passado.

Porém o mercado é mutável. O bom profissional de ontem não é um bom profissional de hoje e o bom profissional de hoje não será um bom profissional amanhã. E não adianta fazer atualizações se você não tem a bagagem necessária!

E é essa bagagem que a maioria dos cursos superiores não tem dado, porque se limitam ao que parece importante agora.

Conhecimento ainda é poder, mas maior poder é querer ir atrás do conhecimento em vez de aceitar o que os gurus pregam.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

Fantástico Mundo Novo

lâmpada
Reblogando incrível mensagem de Luis Nassif publicada originalmente no Projeto Brasil.


Em um intervalo da reunião do G20, em Washington, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown convidou um grupo de líderes mundiais para uma conversa reservada. Não convidou ninguém dos Estados Unidos. Entre os presentes, o presidente brasileiro Lula.

Foi uma daquelas conversas históricas, não por resultados ou conclusões, mas pelo chamamento. Brown ponderou aos presentes que o mundo não estava passando apenas por uma crise econômica que, superada, permitirá retomar a mesma vida de antes. As mudanças são estruturais, em todas as áreas, no modo de vida, nos valores, disse ele. Caberá às lideranças começarem a discutir o novo modelo mundial que será criado dos escombros dessa financeirização desvairada que dominou o mundo nas últimas décadas.

***

Muitos desses valores são sementes plantadas e em crescimento. Como a questão da sustentabilidade. Independentemente da crise, será fortalecida a bandeira do meio ambiente, dos combustíveis renováveis, do combate às práticas predatórias.

Essa nova economia que emergirá do campo trará mudanças profundas, inclusive com a reversão do desastroso processo de concentração de populações nas grandes metrópoles.

***

Outro ponto relevante será o gradativo enfraquecimento da cultura do individualismo exacerbado que dominou as últimas décadas. Não se verá a volta ao velho paternalismo de Estado, que imperou antes disso. A nova etapa privilegiará a colaboração em diversos níveis, o aumento da responsabilidade corporativa, as parcerias entre governo, empresas e organizações não-governamentais, mas sem abandonar a busca da eficiência sustetável.

***

A velha dicotomia políticas sociais focadas (específicas para grupos mais pobres) × universalistas também está superada.

Os «focalistas» se baseavam no estudo dos indicadores para sugerir políticas que atingissem apenas o público mais necessitado.

Os universalistas propunham políticas que contemplassem segmentos amplos da população. Desenvolveram modelos excepcionais – como o caso do SUS (Sistema Único de Saúde) – mas com pouco uso de ferramentas estatísticas.

Agora, se chegou a uma síntese, que é a implantação de políticas universalistas amparadas em pesado ferramental estatístico. Exemplos disso são o Bolsa Família, no setor público, e trabalhos como o Instituto Hospitalidade e o Instituto Ayrton Senna, no setor não governamental.

***

Na produção, os novos modelos privilegiarão o trabalho em rede, as diversas formas de associativismo, a integração entre grandes empresas e pequenos fornecedores.

Esse discurso rastaqüera que dominou o debate nos últimos anos, de desprezo pelos pobres, pelo país, essa visão provincianamente internacionalista, em breve estará superada.

Hoje em dia, já há pactos consolidados em favor da saúde, da educação, da gestão moderna, da inovação. Mas sempre com foco na inclusão social.

HÁ SINAIS DE UM MUNDO MELHOR SENDO CONSTRUÍDO, ASSIM QUE A BORRASCA PASSAR.

Luis Nassif


O fantástico mundo novo


Isso vai contra as ideias de progresso defendidas por um certo ex-presidente brasileiro e praticadas por algumas empresas.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-14

Programação não é agregar componentes prontos

Baal Um amigo meu¹ que trabalha para uma empresa parceira Microsoft veio desabafar comigo que está com medo do futuro da programação.

A grande maioria dos ditos programadores que trabalham com ele são «empurradores de mouse/rato», que apenas agregam componentes prontos, sem editar uma única linha de código – quando muito copiando código pronto do Google.

E o mantra que se canta no universo de sacerdócio MS costuma ser que cada vez mais o futuro da programação será agregação de componentes.

Há poucos anos, logo que ingressei na faculdade, estávamos a resolver um exercício de programação em C para a aula, quando uma aluna veterana dona de uma empresa de programação nos disse que estávamos perdendo tempo, pois editar código é para profissionais obsoletos, que o «bom programador» é aquele que usa ferramentas como Delphi e Visual Studio para agregar componentes existentes e que os poucos códigos que precisam ser preenchidos podem ser encontrados no Google.

Agora pergunto:

  • Quem desenvolverá os componentes?
  • Quem vai escrever os códigos que se encontram pelo Google?


Durante a década de 1990, principalmente na segunda metade, houve um momento assustador em que realmente vislumbramos um futuro negro onde a Microsoft monopolizaria todo o conhecimento, desenvolvendo e controlando toda tecnologia² do mundo e onde todo o resto do mundo apenas agregaria seus componentes segundo sua vontade.

Mas esse futuro se dissipou em névoa.

Com o crescimento do Open Source e o fortalecimento de outras empresas no ramo do desenvolvimento, esse sonho mórbido virou fumaça.

No entanto alguns sacerdotes do monopólio ainda continuam tentando obscurecer o pensamento das pessoas por meio de FUD e mantras que, repetidos à exaustão, acabam por parecer verdadeiros.

Então não se assustem: a tecnologia está disponível, o conhecimento é da Humanidade e nenhum monstro usurpará nosso direito sagrado por força de capitalismo algum. Porém para que continue assim é preciso que permaneçamos conscientes e vigilantes.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

¹Não revelarei pistas sobre qual amigo ou empresa estou falando para preservar o nome de ambos.

²Segundo a legislação vigente, tecnologia é código fonte.

2008-12-13

Assault Cube

Assault Cube
Nunca fui muito bom em jogos e realmente sempre preferi a criação de jogos ao ato de jogá-los – exceto RPG, tipo de jogo que exerce um certo fascínio sobre mim.

No entanto há um jogo que ultimamente tenho gostado muito de jogar: Assault Cube.

Também jamais gostei muito de armas de fogo ou jogos de tiro, mas não sei por quê gostei desse jogo.

Assault Cube é um jogo feito com o motor Cube Engine para ser parecido com Counter Strike. Pessoalmente acho Cube e Assault Cube muito mais parecidos com Quake.

Sempre jogo usando o codinome baal, mas tenho ficado um tanto frustrado, pois percebo que os jogadores simplesmente não sabem jogar. Não há espírito de equipe: mesmo em jogos que exigem cooperação, é um cada-um-por-si que ninguém merece!

Na modalidade «capture the flag» ninguém se preocupa em guardar a bandeira e é comum eu ser derrubado por jogadores de meu próprio time ao levar a bandeira para marcar ponto e para quê? Para me tirar a bandeira e marcar o ponto em meu lugar! Isso é falta de espírito desportivo! Falta de noção de equipe.

Também quando jogo as modalidades «hunt the flag» e «keep the flag» quase ninguém se preocupa em guardar a bandeira. Que se dane quem está com a bandeira!

Mas não escrevi este artigo para falar mal do jogo ou dos jogadores, pelo contrário! É um jogo apaixonante, um paintball para quem quer brincar.

Eventualmente encontro uma partida que vale a pena ser jogada. Hoje pela manhã, por exemplo, encontrei uma equipe legal, joguei três partidas, «team deathmatch», «one shot, one kill» e «capture the flag», e valeu a pena. Um pessoal que estava interessado em brincar, não em se achar, um pessoal com espírito de equipe.

Foi realmente divertido, como não tem sido há dias.

Pena que só lembro o nome de um dos participantes – que estava fazendo mais pontos: Lukcia. Teve outro também jogando muito bem, acho que era EP ou EL, ou algo assim.

Queria lembrar o nome de todos para parabenizá-los pelo grande jogo, mas minha memória não é tão boa. =/

De qualquer forma, deixo aqui a dica de um ótimo jogo – quando encontramos a equipe certa…

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-12

X-SAMPA

Nhe'eng Acho o Alfabeto Fonético Internacional um recurso poderosíssimo, no entanto com uma fraqueza que quase invalida sua força: quase não usa caracteres ASCII.

É claro que o Unicode possui todos os recursos para representar o AFI, mas ainda assim a digitação é complicada.

É aí então que entra o X-SAMPA!

X-SAMPA é um recurso ainda mais poderoso que o AFI, porque consegue representar os mesmo fonemas que o AFI usando apenas caracteres ASCII, que são de fácil digitação. É uma extensão do SAMPA para uso internacional.

Enquando o SAMPA possui uma representação para cada língua, o X-SAMPA é internacional, com uma representação direta para cada fonema do AFI.

Um primeiro exemplo de X-SAMPA é a pronúncia brasileira de SAMPA: ["s6~pa] – quando a pronúncia correta seria ["s6mp6] ou ["s6mpa].

Outro exemplo legal é a pronúncia dos fonemas do Esperanto:

  • A – [a]
  • B – [b]
  • C – [ts)]
  • Ĉ – [tS)]
  • D – [d]
  • E – [e]
  • F – [f]
  • G – [g]
  • Ĝ – [dZ)]
  • H – [h]
  • Ĥ – [x]
  • I – [i]
  • J – [j]
  • Ĵ – [Z]
  • K – [k]
  • L – [l]
  • M – [m]
  • N – [n]
  • O – [o]
  • P – [p]
  • R – [4]
  • S – [s]
  • Ŝ – [S]
  • T – [t]
  • U – [u]
  • Ŭ – [w]
  • V – [v]
  • Z – [z]


A grande vantagem do X-SAMPA é poder representar sons complexos de diversas línguas diferentes usando apenas caracteres ASCII.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-11

El Wiwichu

Pinheirinos, que alegria! Tra-la-la-la-la la-la-la-la Recebi uma mensagem em espanhol do Marcos com a seguinte musiquinha:


¡Wiwichu a merry crismas,
Wiwichu a merry crismas,
Wiwichu a merry crismas,
And a japy niu yirrrr!


Para a qual eu respondi:
«Wiwichu» foi ótima!

¡Yo también deseo una Feliz Navidad a todos ustedes!

GAJAN KRISTNASKON!


Desconsiderando meu espanhol sofrível, isso é globalização! Não um pedante «Merry Christmas», apenas para desconsiderar nosso belo «Feliz Natal».

Então, agora assim:
GAJAN KRISTNASKON kaj ĜOJAN NOVJARON!

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-10

Parabéns ao SciFi Channel… de novo

Baal Parabéns ao SciFi Channel de novo!

Eles anunciaram Vanilla Sky para amanhã, quinta-feira, às 22:00, mas fiquei confuso porque anunciaram novamente para hoje, quarta-feira, mesmo horário.

Depois eles anunciaram outro filme, não lembro qual, somente que era um dos filmes da série «SciFi Original Movies», e no intervalo seguinte anuciaram novamente Vanilla Sky para hoje, sempre o mesmo horário.

Agora há pouco, no intervalo durante Eureka, anunciaram Tomb Raider para hoje às 22:00!

Sem saber que filme passaria, esperei para ver e às 22:00 começou a passar Espíritos.

Pois é… assim fica muito difícil acompanhar a programação.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-06

Sistema de cotas

Baal Estava assistindo agorinha mesmo na TV Senado uma matéria sobre sistema de cotas.

Alguns defendem, outros combatem.

Vou dar aqui minha opinião.

Cristovam Buarque – leia a Internacionalização do Mundo, se não souber de quem estou falando – disse que o sistema de cotas é mais um jeitinho brasileiro para não encarar o problema, que a luta real pela educação gastaria muito mais dinheiro do que o sistema de cotas.

Geralmente, por volta de 10% das pessoas que entram para a faculdade se formam. Com o sistema de cotas pessoas incompetentes passam a entrar, tirando o lugar dos menos competentes que não se formariam mesmo. Ou seja: nada muda, é só para silenciar algumas línguas – como a de Cristovam Buarque e a minha.

Não que todo pobre ou negro seja incompetente, não é isso! Acredito que todos têm as mesmas chances, mas a sociedade convence os mais pobres – e negros e mestiços também! – de que eles têm menos chance para desestimulá-los.

Com o sistema de cota pessoas se tornam incompententes porque sabem que não precisma se esforçar tanto e podem chegar ao ensino superior com menos esforço. Assim o sistema de cotas é uma sabotagem contra as próprias pessoas a quem finge ajudar!

Eu nasci na classe pobre, cresci praticamente no meio do mato, pé na terra e trepando em árvores, estudei em colégio público e no entanto passei no vestibular da UFRJ em 1994. Abandonei a faculdade. Passei de novo no vestibular, dessa vez do ISTCC-P, em segundo lugar, e estou quase me formando – falta apenas o TCC.

BASTA SE ESFORÇAR, GENTE!

O político que trouxer propostas para estimular e capacitar os desfavorecidos, esse sim tem um proposta para a educação.

O político que falar de cotas é um corrupto e só quer sabotar a educação – ou, na melhor das hipóteses, está com a mente envenenada.

E tenho dito.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-04

Futuro da Língua Portuguesa

Nhe'eng
Na Super(des)interessante deste mês há uma matéria sobre o futuro da Língua Portuguesa, na página 86.

A matéria destaca pontos relevantes, como influência de línguas estrangeiras, neologismos, perífrase, flexão à esquerda e regionalismos, todas tendências válidas que acrescentam riqueza e modificam a língua ao longo dos anos.

No entanto a abordagem da matéria é tendenciosa, americanista e exagerada, uma luta aberta contra a unidade cultural lusófona.

Há uma defesa disfarçada do gerundismo e outros estrangeirismos que prejudicam a evolução natural da língua sem acrescentar nada. Eu não vejo ninguém pelas ruas dizendo «vou estar podendo», só atendentes telefónicos pedantes que tentam fazer o Português se parecer mais com o Inglês.

Eu digo «vou poder», como 99% da população.

Realmente o Português do Brasil é rico em gerúndio, mas daí a forçar o uso esdrúxulo é um abismo!

O autor justifica o estrangeirismo através da agilidade das comunicações da atualidade, mas onde essa agilidade se mostra inconveniente para sua louca tese, ela simplesmente desaparece do texto.

Realmente algumas palavras e expressões, como show, blockbuster, best seller, soufflé (suflê), puré (purê ou pirê), abatjour (abajur) e marketing foram integradas ao falar cotidiano, mas dizer que kisses, let's go, whatever e target também é ser muito pedante.

Aliás achei engraçadíssimo ver a crítica do Luli ao dizer que quando se diz «plano» ou «planejamento» é feio, mas quando se diz «planning» as pessoas acham bonito.

Outra coisa horrível do texto foi confundir vocabulário com gramática.

O autor cita a mudança no conjunto de vocábulos em uso como se fosse mudança na língua. Um fenómeno curioso é que, salvo alguns savants, uma pessoa pode decorar quase todo o dicionário de uma língua estrangeira e não vai conseguir se comunicar tão bem quanto uma criança de quatro ou cinco anos com um vocabulário bem mais humilde.

Não é o vocabulário que faz a língua. O vocabulário usual de uma língua pode mudar em poucas décadas sem alterar a língua em si. O exemplo da Carta do Descobrimento, de Pero Vaz de Caminha, é simplesmente imbecil: é preciso um dicionário para lê-la, mas as palavras estão lá em NOSSO dicionário, algumas apenas caíram em desuso.

Também a gramática não mudou muito: é possível entender a construção das frases sem dificuldade.

O que faz a língua são os falantes, mas o que define a língua é sua gramática. E duvido muito que a Gramática Portuguesa mude tanto em tão pouco tempo como sugere o autor.

Novamente o autor confunde convenientemente vocabulário e gramática para justificar sua tese.

Se você reparar nas mudanças na Língua Portuguesa nos últimos quinhentos anos, as mudanças que o autor propõe estão muito além. Eu diria que, no mínimo, o dobro. Nesse período de tempo outras tendências irão fatalmente aparecer, tornando lixo tudo o que o autor propôs.

Para fechar, nesse clima de ode ao estrangeirismo, o autor esquece convenientemente de dizer que a tendência do abandono do plural redundante não é nova, mas é influência da cultura indígena.

Em Tupi, não se diz «um peixe», «dois peixes», se diz «pirá oîepé», «pirá mokõî». Quando se quer dizer que há mais de um, mas não um número exato, é usado etá (muitos): «pirá etá» (muitos peixes).

Está feita aqui minha crítica e gostaria novamente de convidar todos a uma luta a favor de nossa identidade linguística, resgate cultural, educação, bom uso da tecnologia e uma ferramenta de comunicação interlinguística que respeite as identidades culturais individuais, e contra esses propagandistas deletérios culturais.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

Construcionismo

lâmpada Em todo lugar onde vejo a expressão «inclusão digital», acontece a mesma coisa: os alunos são adestrados a usar determinados programas.

Os resultados são: (a) ampliação do mercado de venda dos programas em questão; (b) mutilação digital dos alunos, já que a maioria deles fecha sua mente e se torna defensor incondicional dos programas em questão; (c) quando ocorre dentro de um instituição tradicional de ensino, mutilação da escola, já que os tecnólogos aproveitam os educadores estarem despreparados para novas tecnologias para impor suas ideias distorcidas e propagandistas de educação, assim o sistema educacional se adapta às novas tecnologias.

Mas veja só que ABSURDO!

Isso é resultado direto do que eu estava debatendo com o L.P. nos comentários desse artigo: estão a dar mais importância à metodologia do que ao resultado.

É um hábito antigo da área tecnológica que precisa ser quebrado e que agora está prejudicando o sistema educacional sempre onde os dois se encontram.

A Informática não precisa ser a ciência que resolve os problemas da Informática… A Computação não precisa ser a ciência que resolve os problemas computacionais… Basta mudar o foco e então a Informática e a Computação se tornam ciências que apresentam soluções.

Se em vez do sistema educacional ter de se adaptar às intemperes do mercado de Informática, a Informática e a Computação é que precisam se adaptar à escola!

Esse processo é chamado Construcionismo (procure referências também na Wikipédia) e foi desenvolvido pelo matemático Seymour Papert a partir das ideias construtivistas de Jean Piaget.

A ideia é bem simples – apesar de agredir o ego dos tecnólogos: em vez da escola ter de se adaptar e se tornar mais uma mídia propagandista dos patrocinadores, a Informática e a Computação devem adaptar seus recursos às necessidades da escola, sem levar em consideração o favorecimento de empresas ou a venda de produtos.

Aliás, o uso de ferramentas copyleft, em sua maioria gratuitas, é preferível. No entanto os projetos de inclusão digital raramente trabalham com software aberto.

Sendo assim, não elogie empresas como Microsoft e Adobe por suas ações de inclusão digital, pois eles estão apenas apliando seu mercado ao criar novos seguidores, sem qualquer benefício social verdadeiro. Não passam de propaganda.

Verdadeiros projetos de inclusão digital devem primar por avaliar de que forma a Informática e a Computação podem ajudar a escola.

Dessa forma, a escola evolui naturalmente. Segundo Papert, a escola é a mesma há duzentos anos e isso não vai mudar enquanto a tecnologia não abraçar o Construcionismo.

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-03

Árvore de Natal

Pinheirinos, que alegria! Tra-la-la-la-la la-la-la-la Estamos às voltas com o Natal novamente. Como todo ano, minha esposa insiste para armarmos a árvore de Natal e, como todo ano, a danada é armada.

Vendo a árvore de Natal não me é possível deixar de imaginar aquele nenenzinho judeu nascendo em um estábulo, em meio aos animais, naquele calor infernal do Oriente Médio… e ao lado um lindo e euromórfico pinheirinho coberto de neve. =/

Agora veja bem: em pleno calor do verão tropical vamos nós novamente nos entupir de sementes invernais, ricas em calorias!

E todas as pessoas em festa cultuam a religião vigente, a esquecer do motivo real da comemoração.

E come-se, e embreaga-se, e compra-se, e compra-se, e compra-se…

E nesse clima de pseudo-altruísmo e forte individualismo eu digo vai se ferrar Feliz Natal!

[]'s
Cacilhas, La Batalema

2008-12-01

Mão na cabeça e documento

Baal Já é a quarta vez que invadem minha casa pra roubar…

Dessa vez levaram pilha (bateria), vale-transporte de estudante e uma câmera digital xingling [update 2008-11-03]e um relógio de camelô[/update]. Quebraram minha porta por essa porcaria!

VAI SER LADRÃO DE GALINHA ASSIM NO INFERNO!
porta arrombada
Acredito piamente que o objetivo foi só tocar o terror. Era isso que eu estava tentando dizer.

Caso algum criminoso da região leia essa mensagem – possibilidade remotíssima –, gostaria de avisar que aqui em casa não tem porra nenhuma pra roubar! É casa de pobre, ô caralho!

[]'s
Cacilhas, La Batalema