2009-11-05

Acordo gramatical

Baal Hoje foi dito na Voz do Brasil, no programa do Senado ou da Câmara, não me lembro agora, que a comissão responsável pela norma gramatical está pensando em revogar o Acordo Gramatical.

Gostaria de lembrar que o Acordo foi assinado entre sete dos oito países lusófonos do mundo como um passo importante para a comunicação entre esses países e para o estabelecimento da identidade da Língua Portuguesa num âmbito internacional, e adotado por todos os oito países lusófonos – o último a adotar foi o Brasil.

Mas os intelectuais brasileiros não acham isso importante.

Não consigo mensurar o que é mais absurdo, se a própria ideia de revogação do Acordo ou se os argumentos apresentados.

Um dos argumentos é que o trema é importante e não pode ser retirado da língua. Ou seja: o preciosismo dos eruditos tem maior prioriodade do que a elegância, a praticidade e a internaciolidade da nova gramática.

O outro argumento é ainda mais boçal: eles dizem que a quantidade de exceções da nova gramática é intolerável. Quer dizer, se a nova gramática possui muitas exceções, voltemos à anterior, que possui cinco vezes mais exceções!

Mas o que realmente deixa explícita a incompetência dos integrantes da comissão é o que eles consideram exceção: citam que a palavra «biorritmo» não possui hífen, mas «para-raio» sim. Olha só a estupidez, confundindo dois casos distintos como caso e exceção!

«Para-raio» é uma justaposição de duas palavras portuguesas: «para» (do verbo parar) e «raio». Alguém aí já viu a palavra bio?

Bio é um prefixo, não uma palavra autónoma, no melhor dos casos pode ser classificado como um radical primitivo de origem grega sem uso separado de outros radicais. O tratamento deve ser obviamente diferenciado.

[update]Ops! Realmente, Henrique, na hora da revolta acabei escrevendo «sufixo» em vez de «prefixo». =P[/update]


Para completar, a maior revolta que tenho é com como tais intelectais diplomados dão o exemplo: exigem que os jovens estudem e aprendam feito máquinas, mas são incapazes de dar o exemplo e reaprender algo tão simples quanto uma gramática.

Faça o que digo, não faça o que faço?

A posição dos eruditos pode ser descrita em uma palavra: P I R R A Ç A.

[update 2009-11-12]Hoje na Voz do Brasil foi dito que, em vez do retrocesso desejado pelos classicistas, a Câmara aprovou a revisão 2007 no Acordo Gramatical, que foi encaminhada para apreciação do Senado. Viva o progresso! Abaixo os pseudo-eruditos![/update]


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Cacilhas, La Batalema