2010-01-03

Empirismo

Baal Sei que por mais de uma vez já andei reclamando do Pseudoceticismo, mas acho muito importanto grifar essa tendência comportamental.

Tenho acompanhado muitas pesquisas sérias – outras nem tanto – que sondam as fronteiras entre ciência e misticismo através da Internet, de revistas e de canais de TV interessantes como Discovery Channel e National Geographic Channel, e tenho percebido algumas coisas interessantes…

Na grande maioria das vezes os resultados observados não são os preditos pelos esotéricos – usarei a palavra «esotérico» na falta de outra melhor –, no entanto também não se encaixam nas previsões científicas. A conclusão dos esotéricos é que, como a ciência «falhou», eles estão certos. Já os cientistas concluem que, como os resultados não são os esperados pelos esotéricos, então a ciência está automaticamente certa.

Um exemplo claro foi em um episódio de Mythbusters onde estava sendo avaliado o «mito» de que, ao andar descalço sobre brasa quente, a mente treinada pode evitar queimaduras.

O mito não fala nada sobre como isso acontece, apenas que acontece.

Três caçadores de mitos, Grant, Tory e Kari aprenderam técnicas orientais para caminhar sobre brasas e o fizeram sem sofrerem queimaduras; já Adam, que tentou a travessia sem preparo mental, sofreu queimaduras nas solas dos pés.

Mesmo com esse resultado contundente, o veredicto final foi contraditoriamente mito detonado. Pois é, eles não poderiam trazer problemas para a empresa, compromissada com o status quo científico…

Essas conclusões obtusas só deixam claro uma coisa: os cientistas comentem o mesmo erro de religiosos/esotéricos – arrogância, prepotência.

O conhecimento milenar é simbólico demais, incapaz de revelar os mecanismos naturais, porém esotéricos são arrogantes demais para admitir isso.

A ciência moderna é teórica demais, incapaz de lidar com resultados inesperados, porém cientistas são arrogantes demais para admitir isso.

Assim creio no Caminho do Meio, no Ceticismo Verdadeiro, porém a palavra «ceticismo» está contaminada demais pelo Pseudoceticismo, então gostaria de usar outra palavra, com um sentido diferente, mas que também se adequa ao que quero dizer: Empirismo.

Sei que para a ciência académica o Empirismo é herético, subversivo, mas já disse que gosto de ser subversivo.

A observação cuidadosa e a aceitação dos resultados, mesmo caso potencialmente possam desmantelar tudo o que se sabe sobre ciência, são o único caminho para o entendimento dos fenómenos naturais.

Em tempo gostaria de fazer um post scriptum: a National Geographic Society costuma ter uma postura radicalmente oposta ao posicionamento da Discovery Network e de revistas como Superdesinteressante, ou seja, quando algum experimento oferece provas refutando pretensas verdades científicas, mesmo que não coadunem com conhecimentos esotéricos, o Natgeo sugere que o conhecimento científico sobre o assunto deve ser revisto, tornando assim o Natgeo Channel meu canal de TV favorito (apesar de ainda gostar dos canais da Discovery Network).

Um exemplo de programa do Discovery Channel que foge ao padrão – fazendo-me continuar assistindo a seus programas – foi Os Super-Humanos, que, ao falar do pintor turco Eşref Armağan (cego), sugeriu que o que sabemos sobre visão deve ser repensado.

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Cacilhas, La Batalema