2011-08-11

O Ateísmo como artifício falacioso (assim como qualquer religião)

Quebrando o encanto Estou lendo o livro Quebrando o Encanto: A religião como fenômeno natural, de Daniel C. Dennett.

Ótimo livro, apresenta um desenvolvimento muito interessante de pensamento, salvo alguns detalhes…

Dennett é um tremendo morde-e-assopra, ao começar qualquer raciocínio, ele dá claramente a entender crer que ele e quem pensar como ele sejam superiores, Übermensch, detentores de conhecimento e sabedoria supremos e prestes a compartilhar com quem se submeter a sua superioredade, enquanto todos que pensarem diferente são ignorantes demais para terem o direito de tentar qualquer argumentação.

Mas logo depois, evolui o raciocínio defendendo o direito dos ignorantes serem ignorantes, como se isso fosse uma forma de respeito.

Decartes, o fanfarrão


Sabemos que grandes gênios também cometem erros, porém, até que se prove factualmente que uma determinada afirmação de um gênio seja besteira, ela merece ao menos o benfício da dúvida – o mais sagrado princípio do Ceticismo.

Dennett ataca René Descartes, mestre do Negativismo, chamando-o de confuso por defender o conceito de mente como res cogitans.

Segundo Descartes, a mente possui existência a parte do corpo. Já Dennett e seus correligionários acreditam inflexivelmente que a mente seja resultado dos impulsos elétricos do cérebro.

Nada nega cientificamente a ideia de que a mente seja uma entidade a parte da matéria conhecida e que o cérebro seja uma interface de duas vias do corpo com a mente, mas o pseudocético defende fortemente suas crenças.

Por outro lado, Dennett elogia e defende Skinner, que supervalorizava a previsibilidade em detrimento da liberdade, e John Locke, que considerava a mente humana uma tábua rasa, sem profundidade, ambos sem provas.

No entanto ausência de evidência é evidência de ausência para os ateus, sempre que isso for conveniente ao Ateísmo.

Se eu não vejo, não existe


Tudo aquilo que a ciência, onisciente segundo as afirmações contraditórias de Dennett, não reconhece, não existe: é ilusão, imaginação fértil se multiplicando memeticamente.

A explicação é (desfarçadamente) que se algo pode ser fraudado, então é fraude.

Portanto o exército norte-americano deve ser uma fraude, já que a religião de John Frum na ilha Efate acreditam que seus deuses, os soldados norte-americanos, voltarão um dia. Se eles podem fraudar o exército norte-americano, então deve ser uma fraude.

Porém quando você chega às argumentações sobre fraude e imaginação, já leu muita coisa desde quando o próprio Dennett citou a religião do Pacífico e não faz a conexão, não percebe a contradição.

Outros poderão dizer: mas os soldados não são deuses!

E o que são deuses? Seres superpoderosos que descem dos céus em seus barcos alados e podem matar um homem apenas apontando seu bastão mágico?

Nem tudo são flores


Mesmo assim o livro é muito interessante. Além de expor as contradições grotescas do Ateísmo, expõe muitos ridículos das grandes religiões e suas mentiras, também a ingenuidade das pequenas crenças.

É impecável sua lógica sobre como é estranho a maioria das pessoas no mundo discordarem de um religioso – qualquer que seja – se ele é o dono da verdade.

Outro argumento interessante é este:
E imagine que os fãs das histórias de Harry Potter, de J. K. Rowlings, tentassem iniciar uma nova tradição: todos os anos, no aniversário da publicação do primeiro livro de Harry Portter, as crianças receberiam presentes dados pelo menino, que entraria pela janela em sua vassoura mágica, acompanhado por sua coruja. Vamos tornar o Dia de Harry Portter um dia mundial para as crianças! Os fabricantes de brinquedos estariam todos a favor…


Ideia revoltante, não? Mas já fizeram isso… chama-se Papai Noel.

[]’s
Cacilhας, La Batalema