2011-11-23

Educação religiosa

lâmpada Agora imagine que na aula de História no colégio o assunto será Nazismo. Para ministrar a aula a escola contratar um professor neonazista. Você realmente acredita que os alunos vão aprender sobre o que foi o Nazismo e quais as consequências desse regime?

É óbvio que não! O sujeito vai fazer uma baita lavagem cerebral nos alunos para que eles acreditem que o Nazismo seja a melhor coisa do mundo.

Tudo bem, os neonazistas disfarçados forçam a barra para que se acredite que se trate de Reductio ad Hitlerum sempre que alguém usa o Nazismo como referência, então vou dar um exemplo mais brando

Imagine que na aula de Filosofia – toda escola descente deveria ter – o assunto fosse Ateísmo. Para ministrar a aula a escola contrata um ateu, mas não um ateu circunstancial: contrata um ateu materialista convicto, daqueles que fazem campanha para libertar as crianças da repressão religiosa, faz vídeos ofendendo as crenças alheias, considera-se intelectualmente superior por ser ateu e não aceita que sua crença seja chamada de crença, apesar de ser totalmente dogmático.

Você acredita mesmo que os alunos vão aprender o que é o Ateísmo?

Claro que não! Elas vão sofrer uma tremenda lavagem cerebral para tornarem-se intolerantes quanto a qualquer fé confessada!

No entanto, o contrário gera o mesmo problema: se um sobrevivente do Holocausto for dar uma aula sobre Nazismo, ele vai falar só de uma fração da realidade.

Se um pastor evangélico for dar aula sobre Ateísmo, vai falar sobre um assunto do qual ele entende lhufas e vai tentar a todo custo convencer os alunos de que o Ateísmo seja coisa do diabo, ignorando qualquer verdade.

Chegamos ao ponto onde eu queria…

Faz sentido que a disciplina Educação Religiosa seja ministrada por um religioso? É mais que óbvio que não!

Mas também seria ridículo colocar um ateu convicto para dar aulas de Educação Religiosa!

A ementa deveria ser escrita e ministrada por ateus circunstanciais ou qualquer um que não tenha uma visão engessada sobre o assunto, como por exemplo deístas ou humanistas de tendência aberta.

Assim os alunos receberiam informações variadas, tanto pró quanto contra, sobre religiões enquanto manifestações culturais e seus contextos históricos, e teriam insumo para tirar suas próprias conclusões.

Isso é educação: dar insumo racional, não mutilar o conhecimento em prol desta ou daquela opinião.

E ainda a ementa não deveria de forma alguma privilegiar um culto religioso: as principais religiões do mundo – Cristianismo, Islamismo, Judaísmo, Budismo, Taoísmo, Confucionismo e Xintoísmo – e do Brasil – Candomblé, Umbanda, Espiritismo Cardequiano e as diversas variações pentecostais do Cristianismo – deveriam ser consideradas. Afinal de contas, somos um estado laico.

Se você discorda disso, provavelmente sua fé – em sua crença religiosa ou em seu(s) filho(s) – não deve andar muito bem das perdas… ou então se justifique nos comentários para dar abertura a uma discussão saudável.

[]’s
Cacilhας, La Batalema